A Coréia do Sul é, para mim que sou um ocidental, um país diferente. A nação asiática, que está mergulhada em um conflito sério - e acima de tudo ideológico - com sua "meia-irmã", a Coréia do Norte, possui muito mais do que beleza natural. Tem costumes que podem ser considerados para os "não-asiáticos" nada convencionais. Um deles é o hábito de comer carne de cachorro. Foi o que me explicou meu colega do curso de inglês, Heyon Woo Joo, de 23 anos, durante uma de nossas muitas conversas a respeito dos nossos países de origem.
Nascido na capital Seoul, Heyon, que usa o nome Joe em inglês, me contou que a carne de cachorro ainda é comercializada nas duas coréias. Segundo ele, trata-se de um costume dos seus antepassados e que atualmente não é muito apreciado pela população jovem. Joe me disse que os mais jovens sentem vergonha da "dieta".
Enquanto conversávamos a respeito do assunto, Joe me explicou que os "totós" só passaram a fazer parte do cardápio dos coreanos após uma guerra que, conforme ele, quase dizimou as duas nações (a do Norte e do Sul). O conflito ocorreu em 1950 e culminou na manutenção da divisão da península da Coréia em dois países. Divisão que continua até os dias atuais e que vai além de uma simples delimitação territorial. Resultado: além de não dar em nada, a guerra acabou destruindo cidades e propriedades rurais produtoras de alimentos.
O próprio avô de Joe, que era fazendeiro na época da guerra, acabou por perder todos os seus bens. Falidos, e sem alimentos, os coreanos decidiram copiar os chineses - os primeiros a introduzir o cachorro como opção de comida. Segundo Joe, como os animais (bois, vacas, etc) eram escassos, os fazendeiros decidiram utilizar suas terras criando cachorros. As propriedades funcionavam - e ainda funcionam - para criação e "engorda".
Depois de uma certa idade, os totós são levados a um abatedouro e fatiados. A carne ao contrário do que ocorre na China onde se pode provar a, digamos, "iguaria" em espetos vendidos pelas ruas do país, é comercializada em restaurantes e bares, como bifes e tem formato e textura parecidos - conforme Joe - com filé mignon. Alguém por aí quer encarar?
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